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O escoamento irregular de águas pluviais diretamente nas redes de esgoto residenciais tem sobrecarregado a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) da Avenida Brasil, especialmente em períodos de chuva intensa. Nos últimos dias, a vazão do sistema mais que dobrou, ocasionando arraste e perda de lodo ativado, afetando a eficiência do complexo inaugurado em fevereiro de 2022.
O problema ocorre há décadas e é causado por canalizações da água da chuva coletada pelas calhas de telhados e ralos de quintais para a rede de esgoto principalmente das residências de bairros mais antigos e da região central de Mogi Guaçu, construídas em uma época em que não havia fiscalização e normas, como as exigidas atualmente para aprovação de projetos de edificação.
Segundo a engenheira química responsável pelos sistemas de tratamento de água e efluentes do Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (SAMAE), Taimara Sínico de Moraes, esta semana a vazão dos módulos aeradores da ETE, que processa e trata 1.490 metros cúbicos de efluentes por hora, atingiu o dobro da capacidade chegando a 3.000 m³/h devido ao volume de águas pluviais provenientes das redes de esgoto domiciliares.
O secretário autárquico de Serviços e Tratamentos do SAMAE, Antonio Carlos Bento Júnior, explica que, além de causar arraste e perda do lodo ativado, obrigando a reposição do produto, com consequente aumento de custos devido, também, aos gastos com energia porque a sobrecarga implica em bombear três vezes mais que o normal.
Segundo ele, toda vez que chove forte há perda e necessidade de reposição de lodo ativado porque metade do volume tratado é de efluentes e metade, água de chuva. Em face disso, a eficiência do tratamento sanitário diminui. Outra consequência é a saturação dos emissários de esgoto, que foram projetados para receber efluentes e não águas pluviais.
Em bairros como a Vila Maria, zona Sul, Jardim Hedy, zona Leste, e Jardim Ypê Pinheiro, na zona Norte, a pressão nos dias de chuva intensa foi tanta, que tampas de poços de visita (PV) foram arrancadas e equipes de manutenção do SAMAE tiveram de ser mobilizadas para efetuar a reposição, a fim de evitar acidentes durante o mau tempo.
AÇÕES
O superintendente do SAMAE, Mário Antonio Zaia, enfatiza que o problema é grave e para resolver serão adotadas várias medidas. A primeira delas é difundir a informação no sentido de conscientizar os moradores de residências com ligações de águas pluviais na rede de esgoto para que eliminem a irregularidade. Num segundo momento, serão enviadas correspondências e divulgados informes com instruções através de rádios, jornais e outros meios de comunicação, incluindo os sites oficiais da autarquia e da Prefeitura e seus canais em redes sociais.
O terceiro passo, a partir de junho, será intensificar a fiscalização. Uma vez constatada a irregularidade, o responsável pelo imóvel será notificado e terá 30 dias para resolver o problema, sob pena de ser multado.